os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

terça-feira, 15 de setembro de 2009

poema salva-vidas

quando a noite nasce em um peito cantante
nada pode restar senão o anseio, o devir.
quando um gosto de sol se insiste na noite,
o porvir cheio de calor grava em si o que é.
quando um poeta aterrisa em seu território
e grita em tom baixo tudo aquilo que desconhece,
o nascer de estrelar em horários incertos.
quando um seio de mulher se arrebita,
alva e límpida, nossas palavras vão por água...
abaixo.
porque aqui, neste território, elas já deram por existir.
no entanto, quando os lobos uivam em nossas pernas,
não temos calcanhares de aquiles, somos uma unidade,
voamos por entre as possibilidades e já não distinguimos:
tudo é puro prazer.
eu sou, prazer.
tu és, prazer.
ele é, prazer.
nós somos, prazer.
vós sois, prazer.
eles são, prazer.
então se revela no impulso não contido
os mistérios vastos que linguista nenhum poderia desvendar...
o poder do improviso noturno, do caos compartilhado,
do movimento que não sabe onde tem nascimento:
as nascentes somos escondidas dentre tantas infindezas,
e assim eu sou prazer,
tu és prazer,
ele é prazer,
nós somos prazer,
vós sois prazer,
eles são prazer,
então o gozo que nas palavras não se esconde
e que na conquista de olhares se evidencia
sem no entanto garantir que se concretize,
aqui brilha e proclama que o ser, no mundo, no cotidiano,
no instante, mesmo sem controle,
tem tesão.
graças ao momento, tudo é incerto,
tudo é caos e, mesmo sem saber do melhor,
da vida, da entrega, do jogar de toalhas, da desistência,
do desapego, do desespero, da inconsciência,
da inconstância, rogo-lhes tão somente algo:
façamos das formas mais bizarras.

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