os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

domingo, 18 de novembro de 2012

Fita-Poema

canta em mim
algo que te deseja
um movimento de minhas mãos
na selva imaginada
de teus longos cabelos lisos
ou uma simples confirmação
da beleza que imagino que tua face emane
já não sei
se vejo ou se invento
se vejo a luz do objeto direto
ou se dependo do indireto
para suportar tudo aquilo que não vivi

nunca houve o que me expurgasse
de meus sentimentos
mas teu silêncio me faz lento
e as barbas observo
profeta de minhas desgraças
sofrendo em cada tropeço
maldizendo dúvidas e louvando o imprevisível

aprendo com o pouco como o mudo é comum
e o grito está mais próximo do silêncio que da bandeira
e como minha flama se sufoca no discurso
e sobra no olhar
chama brasa ardendo clama o que não pude
não posso
chama que o medo apaga e deixa brasa
sofrendo nas infinitas camadas de insuficiências

grito para ver se acorda o ímpeto
o eu profundo e originário
do medroso e aflito que depende de menos que um sim
para derreter
grito para ver se te acordo e se sorris para mim
grito para te acordar para o pouco que posso te dar
nesse turbilhão de tantas poucas coisas que posso entender

verto ausências
descorporeidades exalam desejos
firmam quenturas
e os sexos ficam incipientes

cada desacontecimento constrói o corpo
na mesma proporção que o espaço livre molda o poema

um traço desajustado deseja uma meta:
que a palavra alcance mares nunca navegados
que a palavra alcance o céu e o chão

a palavra se faz e inventa a meta
metade do passado
que não passou
uma flor se esconde no bolso do passante
espera o instante de saltar para os olhos da bela dama
que esconde seus olhares como quem esconde suas jóias de ladrões
a flor espera que o grito salte e agarre
o desejo do corpo efêmero, incipiente e provisório
corpo ausente imaginado
corpo sozinho no frio que nasce dos corações gelados
que despisado desaprendeu o toque do amar

domingo, 11 de novembro de 2012

diálogo de uma amiga e seu filho.

"O mar é o meio, né mãe?
como assim o meio, filho?
ele começa na areia e termina na areia...ele é o meio."