os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

segunda-feira, 6 de março de 2023

 não aprendi a escrever poesia

na memória ou em papiros

 escrevo em algum papel de pão

ou em computadores

assim me viro

 cansei de ser aquele que chama

quero ser aquele que faz

na lança da liga

lágrima escolhida

afia a face oculta do medo de ser

e brilhar

cansei de ser aquele que chama

quero ser aquele que faz

sacode o véu sem grinalda

balança a chama da alma

e na solitude também há

a beleza de encontrar

cansei de ser aquele que chama

quero ser aquele que faz

e assim chegar no meio do teatro
de algum perdido lugar
com a chama a lança o véu 
e sem mais
conclamar a revolução

cansei de ser aquele que chama

quero ser aquele que faz



 tenho me sentido podado

frustrado

como se de mim tivesse sido

tirado

o poder do encanto e do desespero.

triste

espero que o tempo da noite

que cala e desama

se desarme

e que a noite que conclama

e ama

novamente se encarne


tento entender a força e o ímpeto que fizeram nascer a poesia

não a poesia dos poetas e nem é uma tentativa

de compreender o milagre da folha ou do vôo

queria entender a poesia do meu corpo

a poesia no meu corpo jovem que brilhava em ações propositivas

a poesia da intenção clara e descompromissada de fazer ser

algo intengível e disposto a conectar na vida de forma real

sem medos