os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

sábado, 22 de agosto de 2015

Poema que recebi de presente de aniversário do Julian

Leão do Parthenon
Ruge o leão que pedala
O povo se reúne quando fala
O camarada que tem o Sol na mandala
Nos palcos do mundo ecoa
O som vibrante de sua guitarra infernal
E no peito de músico ressoa
A essência sonora do amor Saturnal
Nos casos e causos o rei se inspira
E o vermelho das massas conduz seu caminhar
Saci, Cartola e Curupira
Vêm à vosso Reino acalentar

quarta-feira, 29 de abril de 2015

cago

"cago"

cago

hoje eu cago um poema
pra você

pra ele, pra ela
pra nós

que parte fazemos do todo?
que parte fazemos da merda?

cago, sem dúvida
cago, mas hoje

um poema

que não saía mais de minhas mãos, dedos
canetas

boca, olhos,
pinto ou buceta

hoje me sai um poema
é do cu

pois não me resta outra saída
pra falar

do desencontro entre o que eu gostaria
que houvesse no mundo
e o que há

especialmente no brasil
são paulo, minas
paraná
sertão
rios, matas
e o mar

e ainda
a atualíssima
piada
do protesto pela
militarística intervenção
sendo tratado cordial e
heroicamente pela televisão,

enquanto o protesto
em prol de uma melhor
educação
é militaristicamente
escurraçado

ah, essa piada
me arranca lágrimas
mil lágrimas
porém
sem nenhuma risada

por isso hoje cago
esse poema-petardo

pra ti, pra eles
pra mim, pra todos

para o absurdo que é
esse lugar que vivemos

que se quer
bater humilhar matar
matar matar
e só depois talvez prender
jovens

muito antes de criar
a condição
para que sejam
outros que não
bichos bandidos,
bons-bandidos-mortos

muito antes de criar a condição
para que sejam humanos

e desse modo
fazemo-nos também
desumanos

por isso hoje cago
cago
cago
cago

um poema-soluço

e espero
com irônica e talvez egoísta
raiva
eu espero
que não me estoure
a hemorróida

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Saudade de nóis

"A experiência poética é uma revelação de nossa condição original. E essa revelação é sempre resolvida numa criação: a de nós mesmos.”

Octavio Paz, em O Arco e a Lira

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015


todo este não
saber me faz querer dizer que

tudo que não sei dizer
faz com que queira dizer que

o tempo passa
não passa
já passou
tá aqui só esperando
e a noite nem raiou

e o dia vem
nascendo todo negro
com meu amor dizendo
que não me quer

e se brilha uma nova estrela no peito afogado de mágoa que não cessa
o olho cheio d'água cintila mas não cega
de um passado cheio de vida
que brota vinga e mora
no presente que não era
é

e a noite vem
raiando toda em brilho
e o peito em estribilho
perde todo o ar

quando a lembrança
perde a esperança
de estar na dança
do coração

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015