os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

eu posso estar enganado
eu posso estar enganado
eu posso estar enganado
eu posso estar enganado

o que eu não posso (sempre
ou só agora e aqui?)
é deixar de Estar
neste estado ambíguo perigoso incerto

por quem sabe estar
enganado

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

sob chuva
acendo sóis de amizade
convido desconhecidos a estarem comigo
e sob condições adversas
renascemos
sob sobs

o futuro a nós pertence
porque deus não existe
acordo tarde
depois de prolongar o sono ao máximo

a chuva cessa
e põe dúvidas no ar

algo como a humidade relativa

esse ar respiro
com um prazer sádico
e meu corpo tão querer cheio de si
é renovado
maltrapilho
descorado

já não estou mais para dúvidas
sou rizomas

infinitos rozomas que
garantiriam
o porvir

quase frio

mas uma lembrança
por vezes insiste em vitória

como um lapso de memória
que não se apaga, quase,
por vingança

e joga na minha cara animal
esses ares que por mim não respirava

a conjugar desaprendi
o verbo amar

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

o centésimo

Mais um ano se passa

cada vez mais divergem os caminhos
cada vez menos muda minha carcaça

Percebo inconstantemente os elos

o que se pode conceber que existe
o que se percebe em constância.

Grande desafio de saber o que se é
se te importas.

Eu já caibo na palma de tua mão
não passo de um engano comum
uma espécie de acontecimento comum
algo que não pode ser sem.

Tenho em mim a simplicidade
de uma chuva
gotas que escorrem de nuvens
e transformam nossa vida em mistério.

Aconteço no mundo sem precedentes
aconteço num mundo sem precedentes

tudo é muito curto:
minha vida
e a história;
por isso tudo pode metaforear.

Eu sou a história
a história sou eu.
(se meu avô não fosse viciado em jogo eu talvez fosse milionário e não escrevesse)

Como conceber
que eu seja algo além
de um acaso?

Existo enquanto carne

predável
predatora.

SIMPLES.

nada passe de carne.
nada passe de vida.
E resta uma questão:
há algo além do corpo
da carne
da metáfora viva
do sexo
da vida?

Nada julgo
somente assumo
que um gosto de liberdade
percorre toda a aluz que me envolve.
Quero me jogar de uma pedra
mergulhar no universo marinho que meu não é

porém metamorfoseia-se
enquanto
entanto
ensejo
intente
algo que vem daqui de dentro
e resta, no mínimo,
na abstração.

Sinto uma mentira no meu mundo
tenho costelas e cidades
e nada além de tijolos.
a cor marrom esculpe minha existência.
(tijolinhos dispostos em proporção áurea
chaminés que apontam para céus estranhos
clarabóias sujas
que ocultam as luzes.

Não me restam dúvidas.

em um instante estou sobre telas
textos complexos,
perigos de existências,
manias de se criar goteiras
algo que escape:
Estou sobre os céus,
consertando a vida,

TUDO É PRAZER.

Flores e cerâmicas são
esquilos e madeiras são
meu corpo é...

outras pessoas pessoas podem dizer melhor:

bacia perna osso
dedão pulso pescoço
luz água intento
sangue cor movimento
pé joelho canela
arranjo unha...

penso nela (qual delas?)
então vejo tudo
que pode existir em mim (novamente?)

Decido beber todo o tempo disponível
tempo goela abaixo
gole atrás de gole
algo líquido, translúcido
que cai goela abaixo.

gole atrás de golpe
e meu peito se perde
na noite que mescla

corpo
noite
álcool
algo
mar.

Ano novo - milhares de fogos explodiram no meu mundo.

Algo me grita:
EXISTA!

Tenho vontade de nada ar
e extremamente exerço
a vida comprometida.

O céu não é o limite
tampouco as luzes do céu

o limite é aquilo que impomos
que tememos e fazemos
enquanto limite.

(Pego mais uma breja para ver até onde a noite arrasta
essa minham pobre carcaça
rica carcaça
cheia de aventuras
de unicidades.
Sou um poço de expectativas
de diversão
caminho pelo mundo correndo
gritando
e realizando dentre infinitas possibilidades
as mais distantes.

uma luz ilumina meu papel em branco
a mesma que faz-me ouvir:
FELIZ ANO NOVO FALSO DISTANCIADO

Graças a nós a poesia
é uma constância
em nossas vidas.
Graças ao impulso
à falta de vergonha
à raça
a tudo

a poesia EXISTE em nossas
VIDAS.

Então existo em palavras
realizo sonhos embriagados
bordo
teço
e digo:
- Feliz centésimo poema inevitavelmente nascido no 1º dia deste ano de 2010.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

no vão

tudo o que me dilacera me enobrece.
sou maior por ser sincero.
por não querer o ser.
por dizer da fragilidade,
sou tanto, sou vário,
sou forte.
sou alguém que lê um filme,
ouve um livro,
sente um som.
nunca sozinho.
ou com irmãos.
ou com amantes.
ou com palavras.
nunca sozinho.

*

nunca sozinho.
ilusão é achar que posso viver sem.
ilusão é achar que não posso viver sem.
apetrechos divertem-me.
nada mais.

estou comigo agora.
dada mais.

estás comigo agora.
nana mais.

e mais nem sou.
não menos.
nada dana,
apenas engrandece.

sejamos, juntos, fortes
em nossas mais absloutas
fragilidades.
sintamo-nos fortes.

eis a importância.

com os irmãos.
com as amantes.
com as palavras.

eis a importância.

e um rio,
silencioso dentro da noite,
dentro de mim,
dentro poema.

eis a importância.

o que restar,
que reste.

que venha 2012, porque 2010 já era!
























ps. acabei de ver Into the Wild de novo.

axungulá.