os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

sexta-feira, 28 de março de 2014

temchão

Tem chão

tanto

terra firme

quanto

chão de estrelas

tem chão

tanto

pra ir

quanto

pra plantar

tem chão

tanto 

no meio dia, sol na cara, sandália no chão,

quanto

na meia noite, sandália no sol, cara no chão

tem chão.

tenchão: parece uma palavra só.

quinta-feira, 20 de março de 2014

palavras
às vezes 
não passam
de sons.

não que os sons,
arautos do porvir,
esses sons remoídos
filhos do desejo
ou dos acontecimentos,
talvez órfãos, 
ou nascidos em proveta,
tenham que calar.

mas eu proclamo agora:
teus sentimentos mais inexplicáveis
clamam para que portas sutis
timpânicas, se abram.

palavras
às vezes 
não passam
de sons.

então junto comigo, ceda a ti,
e proclame agora:
é tempo de silêncios,

segunda-feira, 10 de março de 2014

madrugada adentro
afundo meu dia

a cada minuto que acordado fico
é um minuto a mais de raça no dia seguinte

foda-se
tá dahora
Ingênuo, fui fazer um poema. Sem querer inventei um mundo.

domingo, 9 de março de 2014

A PALAVRA

Matéria prima
Matéria bruta
Arbusto
Árvore
Busto de deusa.

Desejo
Busco
Insaciável
O gosto
Da palavra.

E descubro
Fico com frio
E dispo
Fico com medo
E danço
Então,
          Travesseiro.
todos os dias são

quinta-feira, 6 de março de 2014

nada tem uma somente essência

quarta-feira, 5 de março de 2014

Gripe

Frio

que arrebate o nariz
faz gotejar as pernas
tremelico louco
coberto por cobertas
-casacos-
ausência de cheiros
preguiça infinita:

não de escrever no meio da loucura um poema na nuvem do dia.

o céu está cinza? 

claro que não, são as idéias...

gripe não é doença, doença é ausência de poema, 
isso é que faz um mal danado.

Poema para um corpo distante

farto de materialidades

nutro o jardim de rosas, arredores do que tento ser,

com a matéria sonora que me envolve agora.

descubro meu corpo,

fico nu perante os sons graves;

me atordoa o movimento cíclico que toma conta da atmosfera do instante presente.

caminho pelo oceano de meus pensamentos

e nele revelo

uma saudade

que insiste em ser

olho d'água

em ser

fonte

,e assim, defronte ela,

balbucio lágrimas neutras

distantes das compreensividades

quase o mesmo tanto que dista, no campo da matéria,

o corpo distante motivador desse movimento de dedos, punho e não sei mais o quê.

germina uma rosa.