os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"O melhor será escolher o caminho de galta, percorrê-lo de novo (inventá-lo à medida que o percorro) e sem perceber, quase insensivelmente, ir até o fim - sem me preocupar em saber o que quer dizer 'ir até o fim', nem o que eu quis dizer ao escrever essa frase. Quando caminhava pela vereda de Galta, já longe da estrada, passada a região das bânias e dos charcos de águas paradas, e ultrapassando o Pórtico em ruínas, entrando na pequena praça de casas desmoronadas, precisamente no começo da minha longa caminhada, não sabia aonde ia nem me preocupava em sabê-lo. Não me fazia perguntas: caminhava, apenas caminhava sem rumo certo. Ia ao encontro... ao encontro de quê? Até então não sabia e nem o sei agora. Talvez por isso escrevi 'ir até o fim': para sabê-lo, para saber o que há atrás do fim. Uma armadilha verbal: depois do fim não há nada, pois, se algo houvesse, o fim não seria fim. E no entanto, sempre caminhamos ao encontro de..."

Um comentário:

  1. Tracho do capítulo 1 do "livro com um macaco na capa".
    O Mono Gramático, de Octavio Paz.
    Me foi dado por Celina, mãe do Muma.
    Caminhemos.

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