os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Depoimento de um poeta caminhante trôpego

Último dia de setembro

Nosso mês recorde de ausência de postagens

Não fico surpreso ao notar a ausência de tanto na minha vida

Ausência de certezas

Ausência de portos-seguros

Ausência de mim

Ausência de ela

Ausência de amizades

Ausência de palavras noite adentro

Ausência de deslumbramento

Ausência de virtude

Ausência de vinho

Ausência de Sidarta e de Pema:

O blog é quase reflexo da humanidade

Falta poesia na vida

E nós estamos atados

Como a lua está ao sol

Como tudo está à luz

Como a fome está ao estômago.

Falta lida com a escuridão na vida

Pois somente caminhando na caverna

Iremos encontrar um caminho dentro de um corpo

Em que não cabemos

Mas bastamos

E aceitamos.

Assim como falta poesia na vida

Assim como falta poesia em todas as instâncias

Falta poesia no Falsas Distâncias.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Poema para os MOMO_ALUNOS do Fran

____um dia nasci
23 anos vivi
agora em minha rede, em meu jardim,
terminei de ler momo e o senhor do tempo.____

Fiquei quase tonto
pois poucas vezes me senti com tanto tempo.

Tempo para perscrutar o ar
e tentar nele me enxergar;
Tempo para olhar para uma pedra
e ver que nela se encerra uma era;
Tempo para ver o broto do jasmim
e sentir a vida ressoando como um clarim;
Tempo para sentir a orquídea florescer
e ver o próprio tempo nascer.

Tempo bom de gastar livre e sem pena
ao lhes escrever este poema.

A cada passo que percorro
pergunto por onde estou andando
e percebo, passo-a-passo, que
sempre nasço, nunca morro.
E que independente do que se invente,
o caminho é sempre
dentro da gente.

Tanto a descobrir
Tanto a viver;
muito a lembrar
outro tanto a esquecer.

Sinto-me lendo este livro
com um amigo
e seus alunos.

Quem poderia me convencer,
com uma flor das horas no peito,
que não estamos lendo juntos?

Ninguém.