os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Enquanto o Jony esteve aqui em SP fizemos um encontro livre no qual conversamos, rimos,desenterramos escritos, limpamos idéias, nos divertimos à beça. Então saiu um cartaz com uns temas, sete ao total, que eu vou postar aqui um por um, cada qual depois de nascer como comentários uma poesia de cada membro (e de toda gente que quiser) dessa maluquice doida mais lúcida que conheço que é nosso blog. O primeiro tema, é VINHO. Boa sorte para nós, sem pressa, sempre. Abraços, Pedruschi.

3 comentários:

  1. Vinho é o descaso do alívio. Ao vinho que perdure na insanidade do tempo, quando não há e não coube o espaço.
    "É preciso estar sempre embriagado. Para não sentirem o fardo incrível do tempo, que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho, poesia, ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se." Baudelaire

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  3. Faço o mais lentamente que posso
    um gesto de mãos
    sobre tuas costas.
    De ti faço tela e brinco de artista.

    Canto algo o mais serenamente que posso
    em teus ouvidos.
    De ti faço andarilho e brinco de passarinho.

    Aperto tuas coxas o mais consistentemente que posso.
    De ti faço meu prazer e brinco de massagista.

    Descubro o mais sensivelmente que posso
    a imensidão de teus cabelos.
    De ti faço pasto e brinco de serpente.

    Com meus lábios toco cada milímetro de seu corpo
    o mais derretidamente que posso.
    De ti faço você e brinco de eu.

    Reparto em ínfimas partes
    tudo que encontro pela frente.
    Pisoteio carinhosamente
    cada gomo
    dos cachos de uva que revelo.
    Aos pouco te liquefaço
    até virares vinho.

    Então, da ocasião faço cálice
    e brinco:

    de moleque depravado
    patrão da high society
    indigente embriagado
    suicida clássico
    criança que encontra os restos da festa dos pais
    amante
    amigo
    sommelier
    ou Poeta.

    Sorvo tudo gota
    a
    gota.

    Depois de embriagado confesso:
    Não faço a menor idéia do que se passou contigo.

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