os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

domingo, 18 de outubro de 2009

Memórias

Uma proposta para movimentar o blog, e principalmente a mim mesmo (hehehe): vocês lembram como foram os seus primeiros passos no campo das belas-letras? As primeiras coisas que escreveram para outras pessoas lerem? Não precisam ser exatamente as primeiras coisas, mas aquelas que constituem marcos, que vocês lembram com carinho e se orgulham, de certo modo. Um recorte seletivo das nossas primeiras memórias literárias produtivas! Lembrando sempre que pode vir em forma de prosa, poesia, ou o que quer que seja. Aqui vai o meu texto:

Hum, a primeira coisa que me lembro (seletivamente, hahaha) de ter escrito foi uma carta, na quarta série, juntamente com o meu amigo Lucas - que mais tarde viria a se tornar Peska -, endereçada ao então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Nada pretensiosa, a carta começava com “Excelentíssimo Senhor Presidente da República”, reivindicava o fim do preconceito e levava em anexo um significativo abaixo-assinado com as assinaturas de alguns alunos do Colégio São Domingos (o que, para efeito de reivindicação, deveria representar 0,0000000000000000000000000000000000000001% da população nacional).

Depois disso, me lembro dos problemas de matemática da quinta série. A professora Estér, que não deixava ninguém usar boné na aula dela, mandava a gente elaborar uns problemas na aula ou de lição de casa para testar a nossa capacidade lógica. Eu e o Henrique inventamos um personagem que sempre aparecia nos nossos problemas: o Clodoaldo. O Clodoaldo era um matador de aluguel, que na verdade tava mais pra um assassino de massas do que para um serial-killer ou algo do tipo. Os problemas era mais ou menos assim:

“Clodoaldo mata 6000 pessoas por dia. Em um mês, quantas pessoas Clodoaldo terá matado?”.
Hahaha, o cara era um absurdo.

Ainda na quinta série, teve um concurso de poesias no colégio, acho que foi o primeiro evento LER (para quem não sabe/lembra, Leitura Emoção Rara. Óbvio que inventaram a sigla antes de darem significado à ela) que teve. O LER era um evento que aconteceu em quase todos os anos que eu estudei no São Domingos. Era um sábado, em que haviam vários acontecimentos literários: venda de livros, saraus e, é claro, concurso de poesia.

Se eu não me engano participei de todos os LERs que rolaram enquanto estava no Colégio. Ou escrevendo, ou declamando. Os meus primeiros flertes com poesia estão diretamente relacionados com esses eventos. E a primeira poesia que eu escrevi na minha vida foi uma chamada “A viola”, na quinta série. Era aquela poesia de quem já viu, mas nunca escreveu uma poesia. Tentava ser uma coisa bem adulta, bem rimadinha, mas lendo hoje, fica visível que foi uma criança que escreveu. Racho o bico de lembrar quando uma professora me tirou da aula (de matemática, acho) para me perguntar se havia sido eu mesmo que tinha escrito o poema. Hahaha!

“A viola” ganhou um prêmio de melhor poesia de não sei o quê. Da quinta A, ou da quinta série. O que me fez achar que, se eu continuasse escrevendo uma poesia por ano (a cada evento), poderia virar poeta. Passei um ano inteirinho ser escrever outra poesia e escrevi “Elefante” na véspera de outro evento LER. E ganhei de novo! Na sétima série o esquema não deu mais certo, e eu perdi. Isso me fez desistir de escrever poesia, e eu passei a declamar. Mas que mal perdedor, né?

Paralelamente a isso, escrevia textos em prosa para as aulas de português. Sozinho mesmo, ou em dupla com o Deco (“As aventuras de Akiko” e “Karabashi, o esquimó do Saara”). E continuei assim, gostando bastante de ler e de escrever, mas só lendo e escrevendo quando era obrigado.

Essa relação com a literatura se prolongou pelo resto do colégio, com algumas exceções muito pontuais, como a Roda Literária. A mudança aconteceu, e ainda está acontecendo, nos últimos anos com a minha mudança para Campo Grande. Mas isso é assunto para uma próxima vez, pois acho que extrapolaria o tema proposto.

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