caminhava sobre o lodo
ruminava sobre o todo
que seu estômago englutia
tinha imensidões sobre o papel
e tentava inutilmente
desmentir suas desverdades
nos limites imperdoáveis do branco
tropeça, quase cai,
de boca toca a lama, toma cores,
deságua e leva vela derretida
multifacetada
o chão lhe pergunta:
que te carrega?
ao que responde:
a solidão é a espinha dorsal da abstração humana.
e o chão:
ossos, cartilagens, medulas, nervos, isso não são abstrações, isso são tal o tao.
e o homem:
tens razão, mas qual o uso de tudo isso? com isso se dança, sómente se dança, nada mais, e dança é abstração.
e o chão:
dança não é abstração.
e o corpo:
corpo é abstração.
e o poema:
calma lá, você não pode sair assim sem mais nem menos assustando todo mundo que cruza teu caminho.
e a poesia:
pode.
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