os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

caminhava sobre o lodo
ruminava sobre o todo
que seu estômago englutia

tinha imensidões sobre o papel
e tentava inutilmente
desmentir suas desverdades
nos limites imperdoáveis do branco

tropeça, quase cai,
de boca toca a lama, toma cores,
deságua e leva vela derretida
multifacetada
o chão lhe pergunta:

que te carrega?

ao que responde:

a solidão é a espinha dorsal da abstração humana.

e o chão:

ossos, cartilagens, medulas, nervos, isso não são abstrações, isso são tal o tao.

e o homem:

tens razão, mas qual o uso de tudo isso? com isso se dança, sómente se dança, nada mais, e dança é abstração.

e o chão:

dança não é abstração.

e o corpo:

corpo é abstração.

e o poema:

calma lá, você não pode sair assim sem mais nem menos assustando todo mundo que cruza teu caminho.

e a poesia:

pode.

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