os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

sábado, 8 de maio de 2010

Centésimo

CACOS


I.

Quando chega
o fim do dia,
desafogo-me.

Escuto.

Um poema me
encontra no escuro.

Resoluto.

Há que merecer
o que o acaso tem
pra dar.

Todo o mais
é ser

e criar.

II.

É madrugada.
Sozinho, na calçada,
Engulo um poema.

Cada letra
Minha boca degusta.
Cada traço.
Cada tinta.

Respiro.
Sou.

Não há digestão.
Há metamorfose.

Mnha pele:
tatuagens à tona.

Homem desaparece.

Surge poema.

§

Calcifico um poema
na caverna de minha casa.
Meu corpo não me diz nada,
Está com frio demais,
apenas observa as goteiras.
Se translúcido que sou,
quantas sombras me trespassam?
Delícias de poesias
me atravessam mil.
E já nem mais sei
por que sofro.
Começo até a escrever
ao contrário.
Escrever na luz para
chegar à sombra,
e quem sabe um tanto
em paz e sem sonho,
dormir.
Dormir sono de quem
foi lavrado pelas palvras,
cansaço pra peão nenhum
botar defeito.
Dormir sono de quem
nem se mexe
senão acorda.
Silêncio!
Não se deve atrapalhar
o poema.

-POEMA ENTRE PARÊNTESES-

Tudo o que quero é
um fone de ouvido
que emane silêncio
no último volume.


§ derradeiro

Encerro esta postagem
com a mais sincera pausa
de quem se encontra
numa lan house escrota
entre rocks burros,
vozes de pré-adolescentes
que não têm culpa de serem
completos idiotas,
(mas o são)
e vozes de adultos,
dentre os pré-adolescentes,
que têm toda a culpa
de serem inacreditáveis
idiotas.

Há muito o que percorrer,
e vocês sabem,
percorro,
percorremos,
mas há horas em que é melhor
corrermos
para evitar catástrofes
-e não falo aqui da total aniquilação
deste bando que inocentemente
me cerca e não sabem o que tenho nas mãos-
falo sim da interferência
destas bostas nas nossas Distâncias,
pois vocês sabem o quanto
eu me valho
do meu redor
para a poesia.

Reconheço que devo aprender
a passar isento,
mas se inda não o sei,
hei de me valer da fuga
em prol da sobrevivência.

Todo o mais
é ser
e criar (paciência).

Grande abraço.
Nos encontraremos em breve.
(Isso ainda não terminou.)

Um comentário:

  1. que nem todos os ungüentos vão aliviar
    nem todos os quebrantos
    toda a alquimia
    e nem todos os santos
    será que será
    o que não tem descanso
    nem nunca terá.
    o que não tem cansaço
    nem nunca terá
    o que não tem(os) limite.

    nem nunca terá.

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