Eis a nossa jornada poética, mergulhando no sonho dos que sonham, personificados na figura de Cristopher McCandless, ou Alexander Supertramp, vivido tão-somente por ele mesmo, historizado por Jon Krakauer, filmificado por Sean Penn, interpretado por Emile Hirsch, musicado e lirizado por Eddie Vedder, cuja obra serviu de matriz e inspiração para que fosse também engolido e regurgitado aqui por nós. Especialíssimas fotos patagônicas por Carolina Paes de Andrade, minha querida irmã andarilha. Cada música foi "poemizada" por um de nós: Pedro Rabello, Pedro Bruschi, João Pupo. Para este feito tínhamos algo em comum: o prazer com as jornadas que percorrem as naturezas selvagens. Aproveitem esse grito.
Força que percorre:
Faça do grito meu uma espada oca
Que se quebre a cada golpe desferido
E que cada ferido seja invadido
Pelo nada de luz que no oco espaço se escondia.
Continuando, busco planetas inalcançáveis
E as palavras me ajudam.
O indizível é essencial à fala.
Descontinuando, (ou quiçá mergulhado no risco incerto que abre possibilidades, mas angustia)
Vou e volto sobre caminhos já trilhados
Desvendando a infinidade de expressões que se encerram em um mesmo ponto.
Ser. (um pensamento que é massa cinzenta e pôr-do-sol brilhante me corrói)
Ser.
Ser. (a não preocupação é uma conquista à custa de muito esforço ou o oposto?)
Vamos em... qualquer direção.
Porque a frente talvez não esteja adiante.
E nosso juízo nada garante.
“No Ceiling”
por João Pupo
As fronteiras de meu coração se esvaem.
E hoje ainda é de manhã.
Tenho todo um Hemisfério para percorrer
e voltar ainda hoje à noite
para ver a lua brilhar sobre a minha terra.
Se a minha terra é o chão que eu piso,
caminhar para frente é a ida
e a volta de meu percurso diário.
(Guardo essa sabedoria na carne
que envolve meus ossos)
e não sentir nada!
Sentir uma sede insaciável
do próximo passo!
Sentir o vento no rosto
tal e qual um orgasmo!
Sentir a liberdade se descolando
da palavra e guiando cada ação!
A sociedade
é uma anedota
que me contaram
e eu não achei
a menor graça.
o que perco:
perco à mim mesmo
quando quero me mover
mas fico parado,
assim como perco
à mim mesmo
quando quero ficar parado
e me movo.
Eu sempre perderei
à mim mesmo
enquanto insistir em
ruminar erros
do passado.
Gente rapidamente se esvai.
Não desperdiço esta vida.
Hoje eu sinto que tenho uma alma.
Não sei se a terei amanhã.
Mas hoje eu sinto,
por dentro de mim,
por dentro da noite,
que tenho uma alma até
amanhã de manhã.
E sigo minha jornada,
sem medo,
no escuro.
por Pedro Bruschi
O tempo correto corre e constrói
{A espera é um ritornello pálido}
A catarse por vezes se esconde na repetição
e a repetição por vezes se esconde na intenção.
{As definições são clima}
As incertezas são certezas na espera de um porvir qualquer.
Um canto decantado de infindas idas e vindas
descansado da fadiga que míngua e cega a língua.
A fala, incerta mala, que carrega tantas que não sabe.
Quais sensações podem ser despertas?
Quais são as possibilidades?
Eu sei de gama que percorre e ama a cor das promessas.
A lama por que passamos, poesias em roda declama,
Palavra em chama que percorre e engana
A falta de gana que pseudo-corre sobre a in-verde grama
De nossas existências malandras.
Estou lûmine. Ilûmine.
Iluminar a trilha, a senda que finda,
Não míngua o poder que temos,
Mas redebrilha o presente.
E não faz de nós nada que não seja tudo.
Porque o infinito está em nosso peito,
roça e cresce porque deseja
-coça e coça-
formigas irradiantes que buscam a sobrevida.
Maleantes ou não
No estreito extremo extrospectivo
que que possui o direito de existir
Não como como,
Mas como é.
Assim desejamos e corremos no instante brilhante
Que não decifra, mas brinca,
No intervalo entre o correto e o incorreto,
Concreto e in-concreto,
Onde imprecisamente, tudo é mais gostoso.
A festa atesta.
E viva o tesão comprometido
Com a minha e a tua vida.
“Hard Sun”
irradiando em mim
era cada poro
vulcão em erupção
era o sal forte
enrijecendo o gosto
era osso quebrando
a qualquer vibração.
vista bonita
de alto de morro
espirro espirrado
fome de almoço certo:
esse é o gostar
que eu quero,
é o querer
que gosto.
Pois
felicidade só
existe
se compartilhada.
“Society”
o pouco que buscamos
é muito
se qualidade quantizamos.
Nada é necessário, em última instância.
nessa vida
sempre quero
mais e além
ambição infinita
de tudo alcançar.
E o eterno esforço,
constante.
-auto mutação intencionante-
Por cedo ter descoberto:
quanto menos, mais.
E, no fundo,
uma incoerência:
teu Nada
ser meu Tudo.
Um canto ancestral percorre
montanhas em meu peito.
Sou todo essa voz
que uiva
ante a sombra que se
deita no pé
da montanha gelada,
e sou eterno.
Não há mais o que duvidar:
Em meu olho brilha
o sorriso do lobo.
Eu não caminho mais sozinho
pela terra.
Tampouco serei o último
à caminhar.
Começo a entender
que o fim da estrada
é a linha que separa
o mundo do não-mundo.
O que é mundo para eles
e o que é mundo para mim
(e para tantos outros...)
O que para eles é temor
E pra mim é motivação.
Onde a lua é mais lua
Onde as horas não se contam
E onde o homem é posto
em seu devido lugar.
Viva McCandless
Viva Thoreau
Viva Hemingway,
Caeiro e todos
os povos da floresta!
A humanidade tentou
em vão
dominar a natureza
se esquecendo
que é parte orgânica
e inseparável dela.
“Guaranteed”
Te parece um arfar de pulmão,
um ribombar de vento que enche velas de caravelas,
dentro de si, um clamor por liberdade?
O homem procura, antes das chaves,
a consciência de que as gavetas existem.
O que há dentro da escarpa facetada, nossas mentes,
que nada escondem mas exigem uma profusão de questões
e ainda um expressar-se, mesmo que inseguro?
Não ser, mas sentir-se.
Essa força saborosa causa deleites formidáveis
nos que já caminham de pé
e se esqueceram do prostar-se ajoelhado e improfícuo.
Atração e repulsão.
Agora seremos todos os lugares,
porque as regras foram engolidas,
as regras se afogaram na ira da enchente incompreendida
no mistério dos iluminares que foram impensados:
Nós.
Eu te compreendo,
com ou sem jeito, o que vale é tua intenção atrevida.
E nesse ir e vir de conhecimentos mútuos
sei que me compreendes e acende em teu peito,
que já não é somente teu, tampouco somente nosso,
a chama da verdade de tua existência.
Concebes, teus pensamentos são puros
e nas corredeiras das infinidades que escorrem pelos encantos de tuas selvas,
encontro um jeito de ser.
E já não somente sou.
Agora estou.
Sem ocultar em mim nada que exista,
proclamo o inexistente, clamo pelo instante,
e sinto orbitando em mim tudo que está por vir.
Indignados, alimentemos nossos exageros característicos,
se assim feito, vos garanto:
nessa senda encontraremos todos os destinos
e eles aceitarão, felizes, a liberdade.
depois eu arrumo a formatação!
ResponderExcluirtô quase chorando.
ResponderExcluire vcs sabem que eu nunca choro.
Pois é. Assim que eu comprar minha impressora multi funcional vou fazer a edição e a primeira publicação desse bagulho. Agora temos a minha música pela frente. Yes.
ResponderExcluira sua música?
ResponderExcluirque lindeza!
ResponderExcluirMuito foda, mandaram muto!
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