Essa vegetação de ventos me inclementa.
(Propendo para estúrdio?)
O escuro enfraquece meu olho.
Ó solidão, opulência da alma!
No ermo o silêncio encorpa-se.
A noite me diminui.
Agora biguás prediletam bagres.
Confesso meus bestamentos.
Tenho vanglória de niquices.
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(Dou necedade às palavras?)
- M. de Barros
"Dou necedade às palavras?"
Por dizer de escutar a cor dos peixes, diz-me conseguir captar a vida de suas cores, de seus desenhos brilhantes n'água, e se fazes isso, não importa então qual o sentido - vai além dos olhos a beleza, e em teu caso, chegou aos ouvidos.
Se biguás prediletam bagres, talvez seja por também os escutarem as cores.
Se dás necedade às palavras, não sei, depende.
Se necedade for despí-las de seus usos robustos e imóveis, que agradam à todos justamente por não dar nada de novo, então sim.
Se necedade for (e talvez seja, meramente, para alguns) empobrecer as palavras, tirar-lhes a força e beleza, então não. Muito pelo contrário.
Dás, num certo sentido, opulência - riqueza, engrandecimento de vida, não frivolidade.
Mais, não sei.
De qualquer maneira, te aplaudo, com meus silêncios.
ventos soprados no ouvido
ResponderExcluirvegetação despegada do acontecimento cru
algumas sensações estranhas
algumas crianças
têm medo do escuro.
Confesso:
os escuros descansam meus olhos
e a noite me engrandece
no mais te compreendo
e te aplaudo do alto
da minha ausência