Às quinze para as sete da manhã tenho
a leste a dourada e incipiente cunhatã;
a oeste o leve e contínuo pôr-da-lua
Tudo é transformação.
O que antes era sombra
agora se faz de cor
Onde antes via mistério
passo, passo-a-passo,
a conceber sem erro
O horizonte nasce em mim
diverso
e eu nasço com ele.
Sinto que agora já não sou
o que era a dez minutos atrás.
Galerias de árvores tortas
(que me lembram corpos que dançam)
e de pinheiros
aves que voam e vertem seus gorjeio
Um tênue matiz a envolve
e prenuncia a queda da lua
Um degradê em constante
mutação
belo, porém sem pudor
nem perdão,
a vinda do sol anuncia.
"Daqui a pouco teremos calor".
Na ausência de uma câmera fotografica
para reter a paisagem irretível
no poema capturo uma imagem,
clara e indefinível,
de meu coração.
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