As palavras secaram.
Banhado de incertezas
meu regato consumi até o fim,
sem sequer consultar as belezas
que davam provisão.
Tudo que agora queria
era compartilhar a força cintilante
que não deixa meu amigo terminar o dia.
Quem sabe não seria a poesia
algo que impulsionaria meu pulso
a encontrar o oceano que trago
nas funduras.
Só faltaria a misteriosa força centrípeta
que condenaria todo o pútrefo pântano lodoso,
ao qual não escapa um triz da carne
que carrego nessa carcaça errante
cheia de desastres astrológicos
e pipas concertantes prendadas por crianças inocentes,
à dissolução completa no mar que se esconde
em fragmentos.
Tento chorar na esperança de poder
nas lágrimas me banhar.
É gota a gota que se descobre
o fel da imensidão vazia.
É gota a gota que se sorve o mel
dos colossos invisíveis.
As palavras secaram,
mas basta um olhar mais preciso
para notar que a compreensão nunca se esgota
e que se organizar e divertir nunca é vão.
O mistério da poesia é assim:
natureza errante dos cosmos da memória humana;
acabou a água do mundo,
no entanto,sequer começamos a desvendar os oceanos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDesvendo cada palavra
ResponderExcluirque de mim parte
como a gota
que da nuvem cai.
decifro a ambas,
e não chego à conclusão nenhuma.
mas me aproximo mais
de mim
e de meus irmãos.
(e de quebra, escrevo
outro poema!
e desenlaço idéias para
mais uns cem.)