Poupas-me da aspereza do mundo
E da tua aspereza também.
***
Estou recebendo notícias desgraçantes neste momento.
O tempo não existe.
Para quê poupas-me então?
***
Sentado no parapeito da janela
Observo passar a procissão
Na mal-iluminada rua de paralelepípedos.
Todos estão de pijamas
E levando velas acesas nos castiçais.
***
Quero menos intangibilidade.
Menos misericórdia e mimo.
Não quero me sentir poupado e passivo frente às desgraças mundanas
Muito menos frente às minhas próprias desgraças.
TergiVERSO para o infinito.
os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida
quarta-feira, 31 de março de 2010
domingo, 28 de março de 2010
O centésimo
I
Por longos dias ruminei este poema.
Dias de completa incerteza
Esperando apenas o momento certo de escrevê-lo.
E com que cuidado escrevo cada verso!
Penso em quando as palavras me escapavam pelas mãos.
Rumino.
II
Não sou poeta.
Não existo poeticamente.
Minha grande inquietude sempre cede à minha enorme apatia
E minha única certeza é a improbabilidade.
Duvido.
III
Minha sede repousa num maracujá grande e pesado na fruteira de casa.
Espero.
IV
Penso em todas as estradas que nos unem e nos separam.
Que nos fazem tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes.
Penso na escrita:
É um ensejo melhor acabado que o próprio pensamento.
Penso na estrada:
É a metáfora melhor acabada na escrita.
Quero ser estrada.
V
Nunca me comprometo com nada.
Prevejo que o despertar será tardio e doloroso.
Avistei uma estrela muito peculiar no céu e, ocupado, prometi admirá-la assim que pudesse.
Nunca mais a encontrei.
VI
Escrevo esse poema
Em cima da linha imponderável
Que separa a minha vida
Da vida que me espera.
Difícil saber se a ultrapassarei algum dia
E qual é o sentido norteador de todas as minhas atitudes.
Escrever é sempre um fim e um começo.
quarta-feira, 17 de março de 2010
ae jou, olha o que eu achei nos meus cantinhos
O momento epifânico velado pelo cálculo
não passa do reconhecimento de toda uma sutuação
que procede a revelação do sentimento onírico.
Explosão!
O que é real, e a
lembrança de ser,
que seja um acontecimento.
segunda-feira, 15 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
abre aspas
"O Poema ajuda o homem a ser ele mesmo, ajudando-o a nomear e comunicar a experiência própria, ajuda-o a dominar a realidade que ameaça anulá-lo. Pois tão logo nomeamos exatamante as nossas experiências, e também as mais insuportáveis, os vemos a partir de sua outra extremidade, desde o humano até o coisificado: como se fôssemos livres de aceitá-los ou repudiá-los. por um instante tornamo-nos sujeito, e não objeto da história."
(Hilde Domim - Para que, hoje, poesia lírica?)
(Hilde Domim - Para que, hoje, poesia lírica?)
quarta-feira, 3 de março de 2010
Hoje eu tomei um expectorante de palavras
Pra ver se conseguia tossir
Todas essas que estavam congestionando
A minha existência.
A fluência não é a ideal
A despeito da fruição;
Se de um lado sobra resignação
Do outro falta fluorescência.
De certo só a submissão à cadência.
Quero essência sem supressão!
Demência sem segregação!
(Forte tosse)
Pi...argh!
Piano!
Sodomia!
Oligopólio!
Sedimentação
Constipado
Sonolência
Entardecer
Gabarito
Santíssima
Majestade
Trindade
Abismo
Semáforo
Cânfora
Páprica
Sólido
Cômico
Cínico
Má-formação dos ossos.
Vou ali escrever um poema.
Pra ver se conseguia tossir
Todas essas que estavam congestionando
A minha existência.
A fluência não é a ideal
A despeito da fruição;
Se de um lado sobra resignação
Do outro falta fluorescência.
De certo só a submissão à cadência.
Quero essência sem supressão!
Demência sem segregação!
(Forte tosse)
Pi...argh!
Piano!
Sodomia!
Oligopólio!
Sedimentação
Constipado
Sonolência
Entardecer
Gabarito
Santíssima
Majestade
Trindade
Abismo
Semáforo
Cânfora
Páprica
Sólido
Cômico
Cínico
Má-formação dos ossos.
Vou ali escrever um poema.
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