não aprendi a escrever poesia
na memória ou em papiros
escrevo em algum papel de pão
ou em computadores
assim me viro
cansei de ser aquele que chama
quero ser aquele que faz
na lança da liga
lágrima escolhida
afia a face oculta do medo de ser
e brilhar
cansei de ser aquele que chama
quero ser aquele que faz
sacode o véu sem grinalda
balança a chama da alma
e na solitude também há
a beleza de encontrar
cansei de ser aquele que chama
quero ser aquele que faz
cansei de ser aquele que chama
quero ser aquele que faz
tento entender a força e o ímpeto que fizeram nascer a poesia
não a poesia dos poetas e nem é uma tentativa
de compreender o milagre da folha ou do vôo
queria entender a poesia do meu corpo
a poesia no meu corpo jovem que brilhava em ações propositivas
a poesia da intenção clara e descompromissada de fazer ser
algo intengível e disposto a conectar na vida de forma real
sem medos