os momentos despendidos aqui são de reconciliação com a vida

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

esse ainda não é o em homenagem aos 100

não tenho mais escolha
meu corpo manda em mim
o que ele disser eu cumpro
as obsessões que daí provenham
não escondo-as
os exageros característicos
que se explicitem
não os escondo
entrego-me totalmente
e confio, cego, nos ditos
de meu corpo
para minha vida

domingo, 13 de dezembro de 2009

isso é só um depoimento
pra dizer
que
vocês
são
fodas

esse é o centésimo post do nosso blog.
comentem algo sobre isso.

sábado, 12 de dezembro de 2009

a seca é um mar

e chego em casa
e pendular
perduro nas palavras
ninguém pode escrever

sou nave nascida em leito
aquilo que assim
percorre o infinito.

sou pedruschi
que saúda e brada
as falsas distâncias.

josiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaassssssssssssss

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

da secura de dias insanos...

...brotou-me um novo poema que se mexe cheio da tão conhecida saudade.
um relâmpago atingiu-me enquanto eu dormia, enchendo-me de algo que me fez voar. sentia que nascia de novo, como se nunca antes tivera nascido. e noutro estado então me encontro. não sou mais sólido, como noutros dias. tampouco sou algum líquido. hum, se o fosse, seria alcoólico. sou algo de etéreo. como o vento, mas não tanto. queimo como o fogo, mas não faço arder. não causo bolhas. não faço estrondos exatamente audíveis,embora o que causo, diga-se de passagem, compara-se à certos efeitos pirotécnicos. li numa vez, de madrugada, num livro... chamavam: EXPLOSÃO!.

Algo sob a chuva

Já faz um tempo
que não choro
e tampouco escrevo
um bom poema
(daqueles que faz
o mundo parar
para depois girar
mais leve)

Queria que fosse
meu o pranto
que hoje molha
a cidade,
e minhas
as mãos que
tocam o piano
da sétima música
do álbum.

Noutra espécie
de blues ou jazz,
minhas são apenas
as mãos sozinhas

que vão desenhando
em vermelho
no caderno
algo sobre a chuva.

E então
algo sob a chuva
em mim
dança
por entre as
luzes e sombras
de minha casa.

Poema para a aranha que tomou uma sentada

Não te sintas triste,
pequena.
Não estás mais sozinha.
Até mesmo eu,
medroso de aranhas,
sentei-me ao teu lado.
(Se não estivesses achatada,
eu não sentaria).

Não te sintas triste,
pequena.
as pessoas sentam,
e foi a hora de alguém
sentar em você.

Agora já te podes sorrir,
tranquila em tuas teias
celestes,
com teus oito olhos
a fitar o infinito.

Agora já sabes
(e graças à ti,
também eu o sei)
o quanto morrer
pode ser bonito.
Gostaria de saber
palavras de latim
para rebuscar
o que eu sinto.
Mas não sei.

Me carecem palavras
de todas as línguas,
e apelo para o
verso,
este bicho que não
fala,
apenas olha para
quem, do outro
lado da página
escuta o que vê.

Não há
vocabulário
neste universo.

O que há
são
um caramanchão de cerejeiras
e o espaço entre ele e nós.

Existir acontece:
Basta respirar.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

não deu pra passar sem postar - 2

"... minha terra tem palmares
onde zumbi foi eleito
os nêgos que lá quilombaram
sambavam do mesmo jeito..."

não deu para passar sem postar - hahaha

"...você é pra mim o meu amor
crescendo como mato em campos vastos..."

para inaugurar o mês de dezembro

em casa
ouvindo lenine
depois de bastante tempo.

fui tomar banho
e um mundo de palavras
saiu pelo chuveiro.

me lavei nas palavras instáveis
que cortaram minha carne
expondo o sangue contaminado;
minha vida em eterno delay.

aquela mancha suja
dias vividos
certezas incertas
incertezas certas
um mar de vidas eis aqui
percorreu todo o esgoto
e fez questão de colaborar
com a enchente que encheu toda a cidade
e não me deixou sair de casa.

um homem morreu afogado.
um bebê na UTI retirando líquido dos pulmões.
ninguém faz idéia de quem vem lá.